terça-feira, 14 de abril de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TARDE

Uma andorinha pousou
no meu poema na tarde
em declínio
onde os automóveis
( monstro de ferro)
carbonizam pulmões
com seus escapamentos
infames.
Há um sol de fôgo
crestado a tarde
nessa hora Mozart
não afinaria seu piano
e nem Picasso pintaria
miúras de três olhos.
Nas esquinas mendigos
assistem a vida
escorrer lânguida
enfadonha.
De pé á porta
do Café do Pina
asisto o suícidio
das horas
e o tempo
paraece coagular
a cidade.
Entre as árvores
o jardim
onde demônios
alados
( guardiães da tarde)
buscam alcançar
a rosa
para esmagá-la
a rosa
tão simples
tão meiga
tão dúctil.
Que espécie de tarde
é essa?
Que inventa demônios
para solapar a rosa?
Decisivo o sol
se põe sobre
a cúpula do Teatro Amazonas
e eu plantado
nesta esquina
de tempo
tento em vão
evitar os estertores
da tarde
tecendo costuras
de sol.

( Café do Pina era o local que nas décadas de 60 e 70 em que os intelectuais de Manaus se reuniam todas as tardes para a conversa que entrava pela madrugada. Lá estavam os poetas Jorge Tufic, Elson Farias, Farias de Carvalho, Luiz Bacellar, Anibal Beça, este começando, os contistas Artur Engracio, Aluisio Sampaio, Luis Ruas e o pintor Moacir Andrade, recentemente soube que o Café do Pina foi demolido pela Prefeitura de Manaus. Próximo ao café, na Praça da Policia, o Clube da Madrugada foi fundado por esses mesmos intecletuais.)

Um comentário:

  1. Júlio
    Beleza de versos, intensos...
    Convido-te a dar uma espiada no meu blog também... www.blogopoeta.blogspot.com

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