quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

INSTANTES


A noite ácida cobre os labirintos da cidade com seus estandartes de sombras e delírios. Sombreados pelos ipês, vultos indigentes capinam silêncio no chão de musgo da praça . Uma lua em pedaço, antiga e decrepita tenta em vão iluminar as trevas do alpendre onde rumino minhas palpitações e os meus desencantos. Nos escaninhos de minha imaginação pareço ver infames centauros cavalgando a varanda. Recomponho o pensamento. Agora uma chuva carregada de ventos lava a miséria e os pecados das ruas ínvias saturadas de desastres. Este é o inverno da minha melancolia E o que resta agora, neste momento? É alongar pernas e braços, ler um poema de Zélia Guardiano e mergulhar no mar de sonhos na alcova da mulher amada.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

de sonhos e vertigem

 

Todas às noites surges do cimo

 de minha imaginação e caminhas livre e leve

 como uma pluma pelas alamedas da paisagem

 dos meus sonhos. E na vertigem de minhas fantasias

 penetras com teu encanto e quebras

o silêncio deste quarto saturado de tempo e memória,

 onde ancorava a solidão. Em outro instante onírico,

 te vejo como uma Venus, casta e bela,

 adormecida em um imenso campo repleto de margaridas,

 onde se entrelaçam o amor e a vida.

 E o que direi nestes instantes de sonhos e vertigem?

Direi apenas, amiga e amor que todas as noites galopas,

 terna e docemente, meus sonhos eróticos.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

DE IDADE E DE NOITE

 A noite pousou sobre o meu silêncio. Seu sudário negro espalhou-se pelo território do alpendre e apossou-se de minhas recordações. Houve tempo, quando jovem, que gostava de vê-la chegar sorrateira e vibrava com suas primeiras luzes e com suas luas temporais. Hoje não, não gosto de vê-la chegar. Estou na idade em que os escarnecedores da comédia humana chamam da melhor idade e a noite diminui meu espectro humano nesta planicie material. Encurta os caminhos para a volta. Já não gosto de seus estuários de enganos e muito menos do mimetismo de suas sombras. Na rua os terrigenas andam para lá e para cá carregando suas cruzes e olho a esquina e um mendigo de voz rouca, habitante do limbo, estica as mãos à esmola que não vem.- Dragões do dia, iluminai a minha noite!

RIO

 

O rio de minha infância
corre solto dentro de mim
invade minhas veias
molha minhas vértebras
e meu passado,
mas sua torrente
não consegue molhar o rol
de minhas memórias
O rio de minha infância sempre
correrá em mim absoluto.
( para um menino que ainda não saiu de mim}

EROTICA

Entre as tuas tenras coxas a erva da sedução narcotiza meus gestos abala meus sentidos e minhas mãos se perdem no labirinto terno e obscuro ...