domingo, 31 de janeiro de 2021

VISITA A CASA ONDE NASCI

    

A tessitura de cedro
do velho alpendre
esconde os desastres
do tempo,
paredes mal caiadas
encharcadas de vestígios
de anos e vidas
reatam o elo perdido
entre a infância e a casa,
lá fora um jardim
decomposto, em ruínas
e uma chuva fina de estio
tenta em vão
reanimar flores
ressequidas,
enquanto um vento senil
sopra o pó da memória.

CAMINHADA IDILICA PELOS CAMINHOS DO MUNDO

 

Estamos na trilha dos quarenta e oito anos de caminhada pelas arestas estafantes da vida. Quarenta e oito luas, quarenta e oito estações, palmilhando planícies e cumeadas, seguindo para frente e para alto. Nunca deixamos de sentir em nossos caminhos o ardor do verão, a poesia do outono desfolhado, o refrigério do inverno e o olor da primavera. Unidos em liame de amor e ternura continuamos a marcha até o dia em que cavalgaremos pelo crepúsculo. Vem, amor, deixe um pouco esse nosso quarto de sonhos onde estão confinados nossos rebanhos de memórias, saia da vertigem desse silêncio e senta comigo nesta varanda de tempo e deixe que os vagalumes orbitem o ar dos teus cabelos, eles são pequenas luas terrestres que voam e que precisam de fagulhas da tua aura luminosa para acender seus lumes. Não se importe com o sopro dos ventos eles são, apenas, polinizadores de auroras e suavizam essa noite de nossa efeméride. Sou-lhe muito grato, amor, por continuar marchando comigo pelos caminhos da vida e do mundo, enfrentado sendas difíceis de serem vencidas, mas temos conseguido suplantá-las . Tens sido, amada, a bussola que tem norteado a vida desse pobre poeta, garimpeiro de luas, faiscador de estrelas e contra - mestre dos sonhos. Hoje continuamos a jornada de quarenta e oito anos juntos. Estamos descendo as escarpas do tempo. Procedemos de Deus e vamos para Deus, “a terra é apenas uma passagem, caminho entre dois infinitos”. Mas continuamos a nossa jornada ao lado de filhos, netos e bisneta. A vida é uma festa, ainda.
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Você, Celso de Alencar, Roberval Vieira de Freitas e outras 40 pessoas
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