quarta-feira, 27 de maio de 2009

POEMA EM TOM DE SAUDADE PARA O ÍBIS BAR

A notícia me alcançou
como uma avalanche
soterrando meu estado de animo:
-O Íbis Bar fechou ás portas!
Súbito uma angústia numeral
percorreu as latitudes
do meu corpo gordo e amargo,
lá se foram anos e anos
de embriaguês poética
de discursos etílico-filosóficos
de delírios existencialistas
e de debates surrealistas
infindáveis.
O Íbis usinava prosa, verso e vidas,
foi em seu recinto nostálgico
entre a fumaça espiralada
dos cigarros ardentes
e o cheiro acre da cerveja
amanhecida,
que assisti os primeiros afagos
do romance entre o poeta
Roberval Vieira e a bela Dóris
( a morena dos olhos de ciúme),
em cima de suas mesas encardidas
ouvi alguem recitar um poema
de Jorge Tufic que dizia ser
"o bar o lar da vida".
O Íbis Bar fechou ás portas
mas ficará plasmado no ar
de sua memória
minhas palpitações
meus desencantos
meus amores tempestivos
e as madrugadas insones
( pedaços de mim)
como lembrança de um tempo
que vivi.
O Íbis neste instante é saudade,
e eu que já sou orfão de pai e mãe
agora sou, também, orfão de bar.

( Eu estava na Praia do Futuro em Fortaleza, quando o poeta Roberval Vieira me telefonou dando-me a notícia do Íbis, o bar que frequentavamos em nossa juventude e até recentemente. Depois de 40 anos de atividade boemia o Íbis não suportou a ambição e as investidas imobiliárias).

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