sábado, 21 de abril de 2018

HÁ UM CENTAURO NA VARANDA

A tarde caminhava célere para os domínios da noite, mas, mesmo assim, réstias de sol ainda pousavam tenuemente sobre os telhados das velhas casas circundantes à praça, neste momento deserta. Pássaros em voos lestos retornavam aos seus ninhos nas copas do tamarindos. Olhei para a varanda e tive um susto do tamanho do meu medo. Ao lado direito da varanda um enorme centauro descansava. De suas patas encardidas saltavam fogo e seus olhos de homo – equino me pareciam tristes. Na altura do tórax via-se diversos ferimentos.
Depois de observar aquela figura fantástica perguntei:
- Quem és tu e de onde vens? E ele respondeu:
- Desculpe de usar sua varanda para descanso. Como a noite vem chegando resolvi parar aqui para descansar e passar a noite e observar as estrelas. Nós centauros amamos as estrelas. Venho das montanhas da Tessália, na Grécia, onde nasci. Cavalguei séculos para chegar até aqui. Sou filho de Íxion e Nefele. Essas marcas que você vê no meu corpo é resultado da luta que empreendemos, eu e os meus irmãos, contra os Lápitas. Essa luta teve como motivo as bodas de Hipodâmia com o rei dos Lapitas,Pirítoo. Um de nós tentou rapta-la e a luta começou. Fomos expulsos da Tessália e passamos habitar o Épiro. E a fúria de Hercules se abateu sobre nós e fomos quase exterminados por ele. Daí eu estar cavalgando pelo tempo e vim parar aqui em sua varanda.
-Meu caro pode descansar á vontade, respondi . A noite já chegou. Amanhã falaremos!
-Vô acorde. O senhor está dormindo na cadeira de embalo. Entre, vá para sua cama! Era meu neto Marcelo, me acordando. Abri os olhos e perguntei: - Cadê ele? Ele quem, vô, indagou-me o neto. Nada, respondi. Apenas um sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EROTICA

Entre as tuas tenras coxas a erva da sedução narcotiza meus gestos abala meus sentidos e minhas mãos se perdem no labirinto terno e obscuro ...