quinta-feira, 2 de maio de 2019

O TEMPO

O tempo passa célere e atrevidamente pelas trilhas do meu destino. Dizem que ele, este tempo carrasco das idades, tem o condão de esquecer ou apagar certas lembranças contidas em passado distante. Ele passa por mim pela minha vida e intercala algumas recordações embutidas nos desvãos da memória. Entretanto, desafio este tempo bobo me fazer esquecer o rio de minha infância, o Rio Juruá. Diz o poeta Pessoa, o Fernando da Tabacaria, que toda aldeia que se preza tem um rio. E o rio de minha aldeia é o Juruá. Este rio está impregnado em mim, nas minhas vértebras, no meu pensamento e entre sístole e diástole habita até hoje, este meu velho coração. De seu caudal foi tirada a água que me batizou. Basta fechar os olhos para vê-lo imponente, com seus remansos belos e silentes, com seus rebojos em fúria, invadindo epicamente a várzea inundando-a com seu húmus fertilizante e com sua lamina de correnteza abrindo o ventre da selva selvática em busca de sua destinação. Não, o tempo não faz esquecer e nem apaga as coisas belas da vida. “ Falam que o tempo apaga tudo. Tempo não apaga, tempo adormece”. Palavras mais que atiladas de Queiroz, a Raquel de O Quinze.

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