sábado, 6 de fevereiro de 2021

DE IDADE E DE NOITE

 A noite pousou sobre o meu silêncio. Seu sudário negro espalhou-se pelo território do alpendre e apossou-se de minhas recordações. Houve tempo, quando jovem, que gostava de vê-la chegar sorrateira e vibrava com suas primeiras luzes e com suas luas temporais. Hoje não, não gosto de vê-la chegar. Estou na idade em que os escarnecedores da comédia humana chamam da melhor idade e a noite diminui meu espectro humano nesta planicie material. Encurta os caminhos para a volta. Já não gosto de seus estuários de enganos e muito menos do mimetismo de suas sombras. Na rua os terrigenas andam para lá e para cá carregando suas cruzes e olho a esquina e um mendigo de voz rouca, habitante do limbo, estica as mãos à esmola que não vem.- Dragões do dia, iluminai a minha noite!

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