quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

DIVAGAÇÕES SOBRE UM DIA DE ÓCIO

 

Hoje não vou sair para caminhar por essas ruas sonâmbulas, caiadas de sol neste ardente verão tropical. Não irei os jardins de Burle Max em busca de me inebriar com a geometria de uma coruscante bromélia. E nem irei à praia para assistir os martírios do sol poente sobre esse mar de águas verdes e naufragas. Basta-me essa varanda de tempo que me dar o sossego de poder declamar, a peito aberto, um poema arrebatador de Diego Mendes Sousa, o poeta da Parnaíba. Desta janela, pátria dos meus olhos, vejo os canteiros do jardim de Jude esperando que, a qualquer instante, um botão saia de seu casulo de silêncio e desabroche em flor na paisagem dos meus olhos. Há um cheiro de crepúsculo no ar da tarde. Estou só, aproveitando esse meu ócio voluntário. Jude não está em casa. Ela foi faiscar, antes que a tarde faleça, fagulhas de sol para alimentar a noite dos vagalumes. As Walquirias do ocaso já chegaram para conduzir a tarde pelos caminhos do imponderável. Neste prenuncio de noite quero está silente e calmo, ociosamente calmo. Diria até que quero está inútil. Sem fazer nada. Inútil como um parlamentar, mas somente hoje, agora. Amanhã não.

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