A menina de minha infância
tinha os olhos claros de mar
e o sorriso abria-se como botão
de rosa sob o sol de março.
Quando era primavera eu
e a menina de minha infância
corríamos pelos campos
colhendo flores silvestres
para ornar o altar da igreja
do Rosário nas festas do divino,
aos domingos banhavamos
nas águas do corrégo Mindu
e fazíamos juras infantís
á sombra dos tamarindos.
Um dia tive que deixar minha
cidade e fui me despedir
da menina de minha infância
e a encontrei regando o jardim
da igreja do Rosário
olhei seus olhos e ela me olhou
e vi uma nesga de lagrima
descer do seu rosto de boneca.
Passei anos andando pelas
arestas estafantes do tempo
e um dia regressei a minha cidade,
coincidência ou não março
engravidava roseiras
e a sombra do outono apascentava
a sesta dos pássaros nos bosques
saturados de flores,
e reencontrei a menina
de minha infância
agora adulta e mais bonita
com seu vestido simples de chita
e a luz dos nossos olhos se fundiram
e ficamos ali (em pé )parados
acorrentados em silêncio
e ví que era a mesma figura
de minha infância com os mesmos
olhos, o mesmo sorriso
a mesma trança no cabelo
os mesmos lábios sedosos
a mesma fé
e menina de minha infância
hoje é minha mulher.
Todos os trabalhos postados neste blog são de autoria de Julio Rodrigues Correia e estão albergados pelos termos da Lei nº 9.610 de 19/02/1998 que regula o Direito Autoral no país.
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QUE BELÍSSIMO POEMA!
ResponderExcluirQUE MAGNÍFICA E EMOCIONANTE HISTÓRIA, JÚLIO!
TÃO LINDOS QUE TIVE QUE ESCREVER EM CAPS LOCK, PARA VC IMAGINAR A MINHA EMOÇÃO.
Desculpe-me, querido amigo!
Um abraço grande aos dois
Realmente belo! Ah... Você precisa fazer um livro só com os poemas à sua amada, Julio! São mesmo belíssimos, intensos, emocionantes. Abraço grande, com minha admiração de sempre.
ResponderExcluirJúlio, querido Poeta, que linda balada, teus versos nos embalam com amor, com cheiro, com carinho ao imaginário poéticos, com eles percorremos a própria infância e descobrimos o teu carinho à amada, tocante!!!
ResponderExcluirConcordo com Nydia, tem que vir logo essas baladas a mulher amada.
Um beijo carinhoso.
Carmen Silvia Presotto
Ah, que lindo! Bela homenagem!
ResponderExcluirBeijo.