(Este poema é dedicado á memória do poeta piauense H.Dobal( foto), um dos maiores do universo poético brasileiro, falecido em 2008. Guimarães Rosa dizia que as pessoas não morrem se encantam. Certamente Dobal está encantado. Em seus poemas ele falava de cavalos, fazenda, gado, rios, cidades ,tempo e de pessôas)
Os teus cavalos da noite
soltando brasas
dos cascos de fôgo
continuarão cavalgando
solos ásperos
crestados pelo sol
do nordeste
sempre em busca
de infinitas manhãs.
As tuas cidades masculinas
alicerçadas nas lembranças
se perpetuarão
egoísticamente
exibindo a imponência
dos seus arranha - céus
a arrogância do marmóre
e a petulancia
de suas arquiteturas.
O tempo consequente
jamais apagará da pele
dos dias,
a saga de fazendas e gado
e o ritmo avassalador
dos rios do Piauí
abrindo sulcos na terra
e nos desvãos
da memória.
E o poeta de olhos polídos
e míope de distância?
Este as walquirias desceram
e o levaram em barco
de brumas
para alé do arco-íris
( gleba dos ausentes)
onde medram
em campos de margaridas
as ervas do silêncio.
(Fortaleza, Ce 19.o9.2008)
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