O voo do pássaro
desperta inveja
dos ventos,
ventos são aves
abstratas que queriam...
ser visíveis como águias .
Todos os trabalhos postados neste blog são de autoria de Julio Rodrigues Correia e estão albergados pelos termos da Lei nº 9.610 de 19/02/1998 que regula o Direito Autoral no país.
terça-feira, 31 de março de 2015
POEMA QUASE CANÇÃO, QUASE SOLIDÃO
Escancaro ás janelas do meu mundo
para receber a noite com suas constelações de sombras,
um vento novo, calouro de sopro,
me traz vestígios de um poema antigo e inacabado
versos coalhados de memórias e ilusões...
perdidas nas enzimas de um tempo
em que meus olhos nunca habitaram.
Olho a cidade, esse território sem fronteiras
cujas ruas são galáxias de assombro e medo,
onde caminho meu corpo magro e vertical
pisando em musgo e liquens que parasitam as pedras.
Súbito uma brisa antiga e ligeira
espalha cinzas do passado na áspera
solidão noturna das calçadas.
para receber a noite com suas constelações de sombras,
um vento novo, calouro de sopro,
me traz vestígios de um poema antigo e inacabado
versos coalhados de memórias e ilusões...
perdidas nas enzimas de um tempo
em que meus olhos nunca habitaram.
Olho a cidade, esse território sem fronteiras
cujas ruas são galáxias de assombro e medo,
onde caminho meu corpo magro e vertical
pisando em musgo e liquens que parasitam as pedras.
Súbito uma brisa antiga e ligeira
espalha cinzas do passado na áspera
solidão noturna das calçadas.
QUASE
Uma lua quase morta
iluminando
uma rua quase torta...
teu olhar quase perdido
contando estrelas
na quase amplidão
num banco quase ao lado
do caramanchão,
um quase bando de vagalumes
brilhando na alfombra
e meus pés quase pisando
em minha sombra,
uma rua quase torta
iluminada
por uma lua quase morta
e meu quase silêncio
batendo em tua quase porta.
O CHÔRO
Lagrimas de miséria, indiferença e de discriminação, cuja culpa maior é a de simplesmente habitar uma pele diferente!
Chore porque Deus que te concedeu essa pele mostrará o caminho da redenção, o teu Avalon. "Quando essa tempestade passar, você será o sol".
Chore porque Deus que te concedeu essa pele mostrará o caminho da redenção, o teu Avalon. "Quando essa tempestade passar, você será o sol".
domingo, 29 de março de 2015
INVENTÁRIO DE ABISMOS
Hoje não construirei o poema prometido
não poetizarei os delírios e os desencontros das ruas
pejadas de homens sem rostos ...
cada qual carregando sua cruz, sua sina.
e não sairei a colher cintílos de lua
pelos labirintos urbanos dessa cidade feminina.
Hoje não fabricarei o poema na casa dos sonhos
e deixarei que gotas de orvalho inundem
esses jardins de outono para que o dia renasça
lavado e perfumado no vértice do tempo .
E por fim, deixarei de olhar o por do sol em agonia
nas horas febris, nos estertores da tarde.
Hoje não construirei o poema prometido,
deixarei que a vida passe por mim lerda ou célere
com todo o seu conteúdo de realismo.
Hoje não haverá poema na casa dos sonhos.
Ficarei em casa. E quando a noite intensa habitar a varanda
aproveitarei o silencio das horas
para inventariar os meus abismos.
quinta-feira, 26 de março de 2015
CANTIGA VESPERAL EM LAMENTO MAIOR
No ar da tarde salpicada de sol
misturo-me as cinzas das horas,
enfadado com as angústias do mundo...
nego a existência virtual do tempo
e proclamo inutilidade dos relógios.
Nas ruas onde caminho meu corpo
vertical cansado e dolorido a vida
desce os degraus da tarde
e escorre suas incidências sobre a cidade
onde o caos urbano satura e paraninfa
a esquizofrenia do transito.
Sob a solidão das marquises mendigos
rotos, encardidos e silentes
mastigam a erva de suas misérias.
Uma chuva fina e intensa traz o entardecer
e eu nesta esquina aturdido e molhado
espero a noite chegar com seus hectares
sombras para que possa esconder
os rastros dos meus pecados.
OLHAR
Meu olhar
[ companheiro da manhã ]
vislumbra o sol em febre
fecundar roseiras
no pleno arranjo dos jardins...
e teu corpo em gestos pélvicos
na pérgola desta piscina
tenta em vão matar
a fome insaciável dos meus olhos.
[ companheiro da manhã ]
vislumbra o sol em febre
fecundar roseiras
no pleno arranjo dos jardins...
e teu corpo em gestos pélvicos
na pérgola desta piscina
tenta em vão matar
a fome insaciável dos meus olhos.
AS SÍLABAS DO SILÊNCIO
Onde estão os anjos de asas de sonhos
que viriam calcinar os pecados dos homens sem
vísceras ,...
por onde andam os ventos que varreriam
as agruras e o medo dessas ruas ínvias
e os pássaros que desatariam seus cantos
nas bordas do outono?
Não chegaram aqui. Talvez estacionaram no cimo
de alguma uma galáxia sem nome,
a espera da passagem do apocalipse das horas
nas entranhas do tempo.
Chegou apenas em mim
a noite conflagrada em angustia e delírios
que avança por essa varanda escura e solitária
onde me sento todos os dias e conto estrelas
soletrando as silabas do meu silêncio
domingo, 8 de março de 2015
POEMA QUASE ERÓTICO
Dispo-te com meus olhos
carregados de ternura
e teu corpo, em sedução, misto de cio e ternura
desperta anseios nos meus instintos
e fico entorpecido como se ingerisse absinto.
Dos teus olhos saltam lumes
em açoites
que iluminam os labirintos da cidade
hibernados na genitália da noite,
e minhas mãos como naves
orbitam
o universo dos teus
seios túmidos e castos
e consigo decifrar a caligrafia do amor consequente
na mansa e tépida enseada do teu ventre.
De repente acordo. Tudo foi sonho. Devaneios
Mas sinto nas narinas
o olor de rosas dos teus seios.
MOMENTOS VESPERAIS
As mãos em gestos prontos
não seguram o silêncio da tarde.
A varanda é apenas, agora, palco...
de cânticos de pássaros em ensaio
enquanto as horas subservientes
desbastam as moléculas do tempo
com cinzeis de instantes.
O sol pousado sobre os telhados
jorra raios em espigas na praça
deserta e as ruas ejaculam inquietações
desastres, delírios e medo
e eu sentando nesta varanda de tempo
espero a noite chegar com seu arsenal
de sombras para esconder meus pecados
e segredos ].
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Neste Dia Internacional da Mulher, quero deixar plasmado neste espaço, as minhas homenagens, primeiramente em memória de minha mãe, hoje habitante da Grande Luz, a minha mulher Judite, companheira nas planícies e nas cumeadas da vida, as mulheres de minha família, minha filha Juliana, minha irmã Aurea, sobrinhas, netas, as mulheres do FACEBOOK e finalmente a todas mulheres do mundo. E dizer que elas foram feitas com partes de coração e não de costelas.
TEUS OLHOS
Um pássaro em seu doce voar
conduz em seu bico de sonho
um fio de sol,
e tu carregas na geometria
dos teus olhos serenos...
a cor do mar.
conduz em seu bico de sonho
um fio de sol,
e tu carregas na geometria
dos teus olhos serenos...
a cor do mar.
A FLOR E A CHUVA ( MINICONTO)
Por que me molhas com tanto violência ? Se preciso apenas de uma gota tua para matar a sede de minhas raízes? Disse a flor.
- Molho-te com tanta força é porque tenho inveja do teu fado de enfeitar e perfumar o mundo, respondeu a chuva em seu discurso de inverno.
E então se calaram, enquanto a manhã se entrelaçava com a tarde.
.
sexta-feira, 6 de março de 2015
MUSEU DE ARTE
Saindo de um exposição
de arte pictórica
levando nos olhos
o impressionismo de Monet
o cubismo de Picasso
o abstracionismo de Miró
e na memória a orelha
cortada de Van Gogh.
de arte pictórica
levando nos olhos
o impressionismo de Monet
o cubismo de Picasso
o abstracionismo de Miró
e na memória a orelha
cortada de Van Gogh.
segunda-feira, 2 de março de 2015
POEMA
O sol em sua vertigem de fogo
liquidifica a tarde onde os minutos
assalariados das horas contam
as espigas do tempo
e os ventos anarquistas e ciganos...
vergastam as velhas casas
com o pó das ruas
enquanto antigos silêncios
me acorrentam implacáveis
entre a memória e o meu abismo
liquidifica a tarde onde os minutos
assalariados das horas contam
as espigas do tempo
e os ventos anarquistas e ciganos...
vergastam as velhas casas
com o pó das ruas
enquanto antigos silêncios
me acorrentam implacáveis
entre a memória e o meu abismo
ANTES DO POR DO SOL
Antes que o por do sol se apresse
e desencante estas ruas sonâmbulas
deixe que eu colho as cinzas do dia...
para minimizar as sombras da noite,
antes, amiga, que a noite definitiva
se aposse dos hectares da tarde
deixe que eu recolha as últimas
réstia de sol para aquecer teu corpo
nessa friagem densa e noturna.
E quando, amiga, a madrugada
tomar posse do território da noite
resgatarei pássaros e luas dos versos do Gullar
para inundar teu sonho de cantos e luar.
LIVRE
Não me prendo as amarras...
deste capitalismo intenso,
sou um homem livre
livre como o meu silêncio.
deste capitalismo intenso,
sou um homem livre
livre como o meu silêncio.
domingo, 1 de março de 2015
POEMA PARA O POETA WILSON CARRITA NO CÉU
A nave de brumas do poeta partiu
aos paramos celeste
rasgando os limites do tempo...
e da memória,
e o poeta com sua túnica
inconsútil de auroras
sob o olhar triste da rua
banhou-se com as lágrimas
da lua.
PREMANHÃ
Hoje acordei cedo...
e vi o sol romper
o hímen da madrugada
e senti o cheiro do amanhecer
invadido as calçadas.
e vi o sol romper
o hímen da madrugada
e senti o cheiro do amanhecer
invadido as calçadas.
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