O silêncio é um sabre
rustico e afiado
que corta ao meio as horas
e expõe as vísceras do tempo.
[ do meu novo livro " Pássaros do Silêncio "
Todos os trabalhos postados neste blog são de autoria de Julio Rodrigues Correia e estão albergados pelos termos da Lei nº 9.610 de 19/02/1998 que regula o Direito Autoral no país.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
SONETO QUASE CANÇÃO QUASE OUTONO
Estilhaços de outono se fundem
ao solo de praças, ruas e avenidas
e o silêncio vomitando fantasmas...
em casas encharcadas de memórias .
Pássaros em, sonatas, alegram
a cidade salpicada de sol
e os ventos em suas dimensões abstratas
varrem a poeira e os pecados do mundo.
E na vertigem da noite chegada
as horas, em suicídio, decretam
o tempo verdugo do meu degredo,
resisto a intolerância do tempo
e recolho-me ao interior da casa
onde um baú gasto guarda meus segredos.
OS PÁSSAROS DO MEU SILÊNCIO
Ainda me lembro da casa da memória
em que eu sentava á varanda
as vascas da tarde e ficava tecendo lembranças...
e esperando o regresso dos pássaros
do meu silêncio. Nestes instantes
havia sempre um céu avermelhado
onde rebanhos de nuvens pastavam silentes
reciclando águas de antigas chuvas.
E ai eles chegavam os pássaros do meu silêncio
cansados asas manchadas de sol e castigadas
pelos ventos rebeldes e passavam céleres
pela varanda em direção as copas das mangueiras
ao lado da casa. Hoje a casa da memória é só escombros
ruinas inventadas pela fúria do tempo
mas no seu interior ainda resistem
os quartos abandonados onde dia mumifiquei
as fimbrias do meus desencantos
e arquivei as sombras do passado
e os pássaros do meu silêncio foram todos embora e partiram
em busca de novos amanhecer.
domingo, 22 de fevereiro de 2015
NO CARNAVAL DA VIDA
Ele olhou para o lado e viu a moça dos olhos de mar vestida com a camiseta do Galo da Madrugada. Aproximou-se e falou: - Moça, me desculpe, eu estava chutando a vida e inadvertidamente lhe atingi. E ela com ar angelical nos olhos, respondeu: - Não se desculpe. A vida tem dois polos: o negativo e o positivo. Você estava chutando o negativo e quando passei e sobrou para mim. Será que é sina de Pierrô magoar a Colombina? Disse ele. E ela com a leveza de um pluma na voz respondeu: No carnaval da vida não cabe magoas. Só cabe alegria. E os dois deixaram o Marco Zero juntos, no centro do Recife, onde a folia alegrava a vida.E no momento passava o Bloco da Solidão com seus estandartes de sombras.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
A FLOR E O CONCRETO
O amor é forte e poderoso. Com suas falanges de ternura, rompeu o concreto e se fez flor em plena á avenida da vida.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
DESCENDO AS LADEIRAS
E ela disse: - Amor, vamos descer as ladeiras de Olinda? E continuou: - Quem sabe no fim dela não encontraremos um oásis de esperança. E ele com ares de amuo: - Tenho descido todos os dias as ladeiras da vida e no final delas não aparece uma tamareira e imagine um oásis? A vida é um ladeira e é preciso que se tenha muito equilíbrio para descer e subi-la, disse a moça de olhos castanhos . Nem toda descida é uma queda continuou e arrematou: -Ela pode ser o principio de uma subida. E com um brilho agudo nos olhos ela o abraçou e os dois desceram a Ladeira da Misericórdia , em Olinda, acompanhando o bloco do Homem da Meia-Noite. Neste instante uma estrela candente riscou o céu de fevereiro.
FINADOS
Hoje pela manhã fui a um dos campos santos de Manaus, o que fica no antigo Bairro do Boulevard Amazonas, onde estão sepultados os meus mortos. Como oblata, fiz orações a todos e com muita saudade, espalhei flores pela lapide e acendi velas. Relembrei momentos de suas vidas comigo e como sou um sentimentalão, chorei. Todas as minhas referencias de vida,estão ali depositadas. Todos que agora estão caminhando pelas as alamedas celestiais, deram-me lições que aproveito, ainda agora, com os cabelos inaugurados de inverno,vivendo uma quadra penosa da existência e que os hipócritas a chamam de melhor idade. Entretanto, nunca esquecerei que "o homem procede de Deus e vai para Deus, a terra é uma passagem caminho entre dois infinitos". Hoje me encontrei com a saudade na trilha dos meus mortos.
domingo, 15 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
O POEMA NÃO VEIO
Soldei silabas á silabas
e construí palavras
esperei
mas o poema não veio
fui á rua colhi fiapos de sol
na lavoura do verão
esperei
mas o poema não veio
na manhã de luzes arranjei jardins
extrai eflúvio de jasmins
esperei
mas o poema não veio
colhi orvalho da madrugada
para molhar as palavras
esperei
mas o poema não veio
pesquei lumes de estrelas
e pedi a lua que não fosse embora
esperei
mas o poema não veio.
E essa espera varou dias e noites
então o tempo encalhou no silêncio das horas
porque o poema não veio.
e construí palavras
esperei
mas o poema não veio
fui á rua colhi fiapos de sol
na lavoura do verão
esperei
mas o poema não veio
na manhã de luzes arranjei jardins
extrai eflúvio de jasmins
esperei
mas o poema não veio
colhi orvalho da madrugada
para molhar as palavras
esperei
mas o poema não veio
pesquei lumes de estrelas
e pedi a lua que não fosse embora
esperei
mas o poema não veio.
E essa espera varou dias e noites
então o tempo encalhou no silêncio das horas
porque o poema não veio.
A GAROA
A garoa intermitente
que cai e molha inconsequente
os escuros labirintos da cidade
é a mesma que desbota
a cor do meu silêncio.
que cai e molha inconsequente
os escuros labirintos da cidade
é a mesma que desbota
a cor do meu silêncio.
CREPÚSCULO
Ontem a tarde
quando o sol se despedia
e o tempo criava ilhas de silêncio,
vi um pássaro de sol
carregando no bico
as sombras do dia.
quando o sol se despedia
e o tempo criava ilhas de silêncio,
vi um pássaro de sol
carregando no bico
as sombras do dia.
O VENTO
Um vento rebelde e cigano
num gesto tresloucado
derrubou um escrínio
onde eu guardava silêncios
e foi silêncios
para todos os lados.
num gesto tresloucado
derrubou um escrínio
onde eu guardava silêncios
e foi silêncios
para todos os lados.
domingo, 8 de fevereiro de 2015
POEMA
Na manhã nublada
[ com o sol em stand-by ]
um pássaro passou por mim
com um poema agarrado
em suas asas grisalhas.
[ com o sol em stand-by ]
um pássaro passou por mim
com um poema agarrado
em suas asas grisalhas.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
QUANDO A MANHÃ RENASCER
Quando a manhã renascer
das cinzas da noite passada
e os galos tenores
quebrarem o silêncio da madrugada
[ com seus cantos em lá maior ].
acordarei os pássaros
e encomendarei uma sinfonia
para inaugurar o sol do teu dia.
das cinzas da noite passada
e os galos tenores
quebrarem o silêncio da madrugada
[ com seus cantos em lá maior ].
acordarei os pássaros
e encomendarei uma sinfonia
para inaugurar o sol do teu dia.
VELEIRO
Meu veleiro de sonhos
ancorava na calma enseada
do teu ventre todas as vezes
em que eu velejava
no oceano do teu corpo.
ancorava na calma enseada
do teu ventre todas as vezes
em que eu velejava
no oceano do teu corpo.
DIAMANTE
Quando vi os teus olhos
faiscando ao sol de verão
pensei logo num diamante
não um diamante qualquer
mas um diamante do tamanho
do sonho de Ícaro.
faiscando ao sol de verão
pensei logo num diamante
não um diamante qualquer
mas um diamante do tamanho
do sonho de Ícaro.
TEMPOS IDOS
Hoje me lembrei de quando cavalgava a adolescência. Minha mãe e meu pai e todos os irmãos vivos. A casa era um congresso de alegrias. E hoje com a partida de quase todos, a casa é a fotografia em preto e branco do passado, relicário de lembranças e saudade. Ah, como doe esse vácuo, essas ausências.
TROVA
O silêncio que apascenta
meus instantes de reflexão
é o mesmo que tece
as teias de minha solidão.
meus instantes de reflexão
é o mesmo que tece
as teias de minha solidão.
POEMA
Prendo as palavras
no istmo da garganta
para soltá-las quando
a manhã renascer
na paisagem dos teus olhos.
no istmo da garganta
para soltá-las quando
a manhã renascer
na paisagem dos teus olhos.
POEMA
De repente um céu estrelado
uma imensa saudade tua
e a noite caminhando
sobre o dorso do rio
abrindo sulcos luminosos
nas águas com as lanternas da lua.
uma imensa saudade tua
e a noite caminhando
sobre o dorso do rio
abrindo sulcos luminosos
nas águas com as lanternas da lua.
PÁSSARO MORTO
O pássaro estava morto
suas asas estavam mortas
pena de se ver
mas seu canto imaginário
se espalhou pela tarde morta.
suas asas estavam mortas
pena de se ver
mas seu canto imaginário
se espalhou pela tarde morta.
A PÁTRIA
Minha pátria não é a língua portuguesa, nem os suntuosos apartamentos da Ponta Negra, onde reside a burguesia manauara e nem as mansões cinematográficas dos jardins da capital paulista. Minha pátria é a lama cinzenta da várzea amazônica onde nasci.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
ODE MINÍMA
Mesmo que o outono chegue
carregando suas manhãs grisalhas
ainda será tempo de semear
o amor na fértil lavoura
dos teus lábios.
carregando suas manhãs grisalhas
ainda será tempo de semear
o amor na fértil lavoura
dos teus lábios.
METÁFORA II
Atrás dos cílios do dia
vejo as horas escorrerem lerdas
pela superfície inanimada do relógio
onde acúleos de aço ferem
as vísceras do tempo.
O sol-posto me traz mansa e lenta
a noite com suas falanges de sombras
e a memória reproduz numa tela imaginária
minhas ilusões perdidas
e quando o sol da manhã renascer
trazendo suas carruagens de fogo
a canícula que desprenderá de seus raios
flambará os grãos do meu silêncio.
vejo as horas escorrerem lerdas
pela superfície inanimada do relógio
onde acúleos de aço ferem
as vísceras do tempo.
O sol-posto me traz mansa e lenta
a noite com suas falanges de sombras
e a memória reproduz numa tela imaginária
minhas ilusões perdidas
e quando o sol da manhã renascer
trazendo suas carruagens de fogo
a canícula que desprenderá de seus raios
flambará os grãos do meu silêncio.
METÁFORA I
O canto da cigarra
quebra o silêncio da tarde
[ túmida de cal e pedra]
e invade os ouvidos de cera
dessa multidão sem rosto
que aplaude o bigode
sinistro de Hitler.
quebra o silêncio da tarde
[ túmida de cal e pedra]
e invade os ouvidos de cera
dessa multidão sem rosto
que aplaude o bigode
sinistro de Hitler.
POEMA PARA MADCHEN
De manhã vejo o sol nascer
nos olhos castanhos de Madchen,
a tarde o cântico dos pássaros
se confunde com o sorriso de Madchen
e de noite a lua veio
pousar calada e branca
nos cabelos de Madchen.
nos olhos castanhos de Madchen,
a tarde o cântico dos pássaros
se confunde com o sorriso de Madchen
e de noite a lua veio
pousar calada e branca
nos cabelos de Madchen.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
POEMA
Chuvas de inverno
molham os teus cílios
enquanto um pássaro
solitário com bico de sol
tenta enxugar a tarde.
molham os teus cílios
enquanto um pássaro
solitário com bico de sol
tenta enxugar a tarde.
DE JANELA, NUVENS E PÁSSAROS
Abro a janela para o mundo
tentando se esgueirar
do sol à pino na massa azul do céu.
É de tarde. Olho a mata
e num bosque de azaléas
o canto dos pássaros
se estende e vira sonata.
e vejo um rebanho de nuvens
[ em greve de chuvas ]tentando se esgueirar
do sol à pino na massa azul do céu.
É de tarde. Olho a mata
e num bosque de azaléas
o canto dos pássaros
se estende e vira sonata.
DESABAFO
Há tantas cicatrizes
nestes caminhos
há tantos passos
errados nestas estradas,
nenhum sorriso
se percebe nesta multidão
encharcadas de traumas
e neuroses e o caos urbano
torna vida questionável
e insipida ,
mas será que consigo
sobreviver até o fim desta avenida?
nestes caminhos
há tantos passos
errados nestas estradas,
nenhum sorriso
se percebe nesta multidão
encharcadas de traumas
e neuroses e o caos urbano
torna vida questionável
e insipida ,
mas será que consigo
sobreviver até o fim desta avenida?
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
ODE A MANHÃ
Quando acordei vi
a manhã renascer
no brilho geométrico
dos teus olhos
e por instantes segurei
o silêncio para ouvir
a canção dos pássaros
nas copas dos Ipês.
Olhei pela janela
vi o sol folhear
de ouro o jardim da praça
e no porto o rio que corria
sob a velha ponte mostrava
seus cardumes para o dia.
a manhã renascer
no brilho geométrico
dos teus olhos
e por instantes segurei
o silêncio para ouvir
a canção dos pássaros
nas copas dos Ipês.
Olhei pela janela
vi o sol folhear
de ouro o jardim da praça
e no porto o rio que corria
sob a velha ponte mostrava
seus cardumes para o dia.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
TEMPOS DE MIM
Onde estão os meus pássaros
que chilreavam alegres na varanda
de minha casa iluminados...
pelo sol morno das manhãs plácidas?
Onde estão os meus navios oníricos
que me levavam todas noites
por mares de sonhos da infância
nunca navegados?
As cálidas e divinas mãos de minha mãe
afagando o ar dos meus cabelos
todas as vezes que a insônia me visitava
onde estão?
E os meus barquinhos de papel, ternos,
que eu os fazia velejar na torrente da chuva
em dias de inverno, onde estão?
E ninguém me fala, ninguém me responde.
Então pergunto ao tempo; o que fizeste
com esses tempos de mim ?
Mas o tempo não fala o tempo só nos envelhece.
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DEIXAR O POEMA
Só deixarei o poema se a noite
com seus cabides de sombras
não trouxer vestígios de lua,
só sairei do poema se as manhãs
não emprestarem seus palcos de luz
para a opera dos pássaros
só deixarei o poema se nuvens
sépias ofuscarem o lume do sol
só abandonarei o poema se a chuva
invejosa molhar as fimbrias do crepúsculo.
Por fim, só sairei do poema
se o tempo em ação disfarçada
tentar apagar dos labirintos de minha
memória as lembranças
dos olhos da mulher amada.
com seus cabides de sombras
não trouxer vestígios de lua,
só sairei do poema se as manhãs
não emprestarem seus palcos de luz
para a opera dos pássaros
só deixarei o poema se nuvens
sépias ofuscarem o lume do sol
só abandonarei o poema se a chuva
invejosa molhar as fimbrias do crepúsculo.
Por fim, só sairei do poema
se o tempo em ação disfarçada
tentar apagar dos labirintos de minha
memória as lembranças
dos olhos da mulher amada.
A CARTA E O VENTO
Um vento birrento
inconsequente
arrancou de minhas mãos
a carta de amor
que me enviaste
( parece que o vento como o
poeta Pessoa acha cartas de amor
ridículas )
e a levou em seu torvelinho aéreo,
mas não tenhas receio, amiga,
o seu conteúdo ninguém vai saber
porque o vento não sabe ler.
inconsequente
arrancou de minhas mãos
a carta de amor
que me enviaste
( parece que o vento como o
poeta Pessoa acha cartas de amor
ridículas )
e a levou em seu torvelinho aéreo,
mas não tenhas receio, amiga,
o seu conteúdo ninguém vai saber
porque o vento não sabe ler.
SEXO
Havia um silêncio de pedra
e no alto uma luz a luzir
com extremo brilho
quando o teu corpo invadi
com ânsia desmedida
e na parede encardida
do quarto de sonhos e fantasias
um velho relógio contava
o tempo do meu delírio.
e no alto uma luz a luzir
com extremo brilho
quando o teu corpo invadi
com ânsia desmedida
e na parede encardida
do quarto de sonhos e fantasias
um velho relógio contava
o tempo do meu delírio.
LUA
Sob o silêncio
que a noite revela
e ante o olhar atônito
da rua,
uma lua gravida
pousou na minha
janela.
que a noite revela
e ante o olhar atônito
da rua,
uma lua gravida
pousou na minha
janela.
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EROTICA
Entre as tuas tenras coxas a erva da sedução narcotiza meus gestos abala meus sentidos e minhas mãos se perdem no labirinto terno e obscuro ...
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Germinando no silêncio do jardim um crisântemo espera o nascer do sol para abrir suas rutilas pétalas no ar pleno da manhã que vai raiar enq...
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. Uma lua madura aproveita a insônia das horas para habitar os círculos dos teus olhos e a noite desce com a lua e vem iluminar as esca...