Estou nesta gótica janela de mundo
( esperando o claro acontecer de vácuos)
e fiz de seu parapeito meu periscópio
de onde lobrigo a letargia da tarde
descer os degraus do dia
e caminhar para o mistério do ocaso.
Olho a paisagem ao redor e alem:
observo o mar no seu discurso de ondas
impacientar insistentemente os recifes,
e em um céu de azul acetinado
histéricas andorinhas em vôos pandos
tatuam arabescos na pele do vento,
na linha do horizonte uma jangada solitária
perfila-se solene aos rigores do terral
enquanto uma gaivota em garras, frénetica,
bica a superficie das águas em vôo acrobático.
Vejo agora (resoluta) a noite lançar ancora
nas alvancentas areias da praia deserta
e assisto inebriando a dança das marés.
(Praia do Barro Preto, Ceará/maio/2010.)
Todos os trabalhos postados neste blog são de autoria de Julio Rodrigues Correia e estão albergados pelos termos da Lei nº 9.610 de 19/02/1998 que regula o Direito Autoral no país.
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Queria ter um parapeito desses...
ResponderExcluirBeijo.
Julio,
ResponderExcluirQue belo poema sensorial. Não sei se esta designação existe, mas é como eu o senti e denominei aqui dentro de mim mesmo. Ele é visual, tátil e até olfativo.
Bela descrição dessa janela, bela paz.
Grande abraço.
Que belo quadro em palavras, obrigada por este empréstimo poético, Júlio. É muito bom viajar cm os olhos dos outros, sentimento que a boa Poesia nos traz.
ResponderExcluirUm beijo amigo e companheiro
Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br
Julio, olá!
ResponderExcluirO Poeta ao citar andorinhas histéricas e frenéticas gaivotas, nos remete a essa maravilhosa paisagem que o cerca, a esse vento tatuado que lhe sopra o rosto e a essas águas que não temos por cá, mas o faz tão bem que chegamos a sentir a brisa nas suas palavras.
Um terno abraço amazônico
Transbordamento lírico! Belo!
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