A chuva molha minha fantasia de pássaro
mas não consegue molhar meu canto,
estou órfão de verão e os ventos minerais
foram embora
partiram e não se despediram da aurora,
meus olhos debulham paisagens
perdidas ao longo desses caminhos
saturados de cardos e urzes
e os meus pés calçados com essas
botas de tempo estão cansados de distancias
mesmo assim tenho que continuar a aventura
por essas sendas esperando o acontecer de vácuos.
A vida me mostra as insidias do tempo
e não sei o que me espera no fim deste percurso
e se cansar de vez, evocarei o espirito de Kerouak
para me acompanhar na jornada. Enquanto não avisto
fim dos meus passos
a chuva continua a molhar minhas asas
minha fantasia de pássaro
mas não consegue molhar o meu canto.
( para o poeta Sandro Nine, meu filho).