Meus olhos serenos se perdem
na solidão numeral da parede
( caiada e vetusta)
onde postados em fotografias
esmaecidas pela ferrugem do tempo,
meus mortos me olham
com olhares de memória e névoa
e mastigam impávidos
a erva de seus silêncios.
Todos os trabalhos postados neste blog são de autoria de Julio Rodrigues Correia e estão albergados pelos termos da Lei nº 9.610 de 19/02/1998 que regula o Direito Autoral no país.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
EM VÉSPERA DE OCASO
( aos meus amigos de Lisboa)
Nesta tarde de chuva e ócio
com minhas mãos pejadas
de polen de flores suicidas
tento segurar o silêncio
numeral da varanda
e no instante em construção
deixo que as horas sejam
apenas metáforas do tempo
e que as folhas das arvores
desenhem a música do vento
no verde de suas essências
e arquitetem ares de outono.
Olhando os grãos da chuva
saturando os velhos telhados
espero na sutileza do alpendre
( enquanto a memória engole
os gomos do passado),
os pássaros afinarem
seus doces e derradeiros flautins
para a celebração do pálido
acontecer de ocaso.
Nesta tarde de chuva e ócio
com minhas mãos pejadas
de polen de flores suicidas
tento segurar o silêncio
numeral da varanda
e no instante em construção
deixo que as horas sejam
apenas metáforas do tempo
e que as folhas das arvores
desenhem a música do vento
no verde de suas essências
e arquitetem ares de outono.
Olhando os grãos da chuva
saturando os velhos telhados
espero na sutileza do alpendre
( enquanto a memória engole
os gomos do passado),
os pássaros afinarem
seus doces e derradeiros flautins
para a celebração do pálido
acontecer de ocaso.
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